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Política & Poder

Sindicato nasce com propostas para mudança do atual modelo

Arquivo Geral

16/10/2017 7h00

Foto: Myke Sena

Francisco Dutra
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A proposta de acordos coletivos para compras e contratos de serviços é o principal pilar do SindCâmara. Com o objetivo de representar os 22.4 mil servidores públicos, ativos e inativos, da Câmara dos Deputados, a nova entidade aterrissa no cenário trabalhista e político com a promessa de reformulação e atualização do modelo sindical. Presidida por Ezequiel Nascimento, a instituição prega a plena transparência fiscal e orçamentária. O novo sindicato também descarta qualquer tipo de contribuição obrigatória dos filiados.

“Temos aquele sentimento de que o século 21 não chegou às entidades sindicais. As entidades permanecem no século 19. O modelo sindical surgiu lá, na primeira revolução industrial. Nós estamos entrando na quarta, estamos no meio da quarta revolução industrial e a organização das entidades sindicais pe rmanece rigorosamente a mesma”, avalia Nascimento. Dentro do novo modelo, o SindCâmara buscará reunir a força política e orçamentária da categoria para conseguir condições diferenciadas além das paredes do Câmara. “Em vez da gestão do ganhar mais, vamos ajudar a gestão de melhor gasto”, sugere.

Por exemplo, a categoria pode fechar acordos coletivos para compra de alimentos, manutenção de veículos ou até mesmo para contratos bancários. Com a força coletiva, a entidade espera conseguir preços menores para os trabalhadores. “Será que a gente não consegue ganhar mais sem cobrar da sociedade? O pulo do gato é: Não existem clientes de corporações no Brasil. Somos vítimas. Vítimas do banco, da empresa de telefonia, da seguradora. Nós só seremos clientes se nos organizarmos também. O que a gente está fazendo é isso. Vamos nos organizar na hora de exercer o poder de compra”, explica Ezequiel.

Mesmo ainda em fase de gestação, o sindicato foi uma das forças protagonistas para barrar eventual retorno da contribuição sindical obrigatória no Congresso. O movimento para a ressurreição do imposto sindical partiu de entidades sindicais tradicionais.

“O meu sentimento é que os sindicalistas que estão calculando que o imposto sindical vai retornar, estão calculando tudo errado”, analisa .Para Ezequiel, qualquer contribuição deve ser feita de livre e espontânea vontade do trabalhador. “Evidentemente, alguém só vai contribuir com algo, se sentir que está ganhando com isso. É o certo”, argumenta. Na proposta do SindCâmara, essa condição mantém permanentemente as direções sindicais em alerta.

Ação para recuperar folha

O SindCâmara prepara uma ação judicial para reconduzir a folha de pagamento dos servidores da Câmara. A Mesa negociou os pagamentos para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Para se ter uma idéia do peso da categoria, a soma anual dos salários dos servidores alcança R$ 5 bilhões. “Alguns órgão públicos entraram em uma de que podem vender a relação dos servidores com entes privados. Isso é um absurdo”, critica Ezequiel. A Câmara continua com processamento da folha, em um conjunto grande de servidores estáveis e independentes.

“O que a Câmara vendeu foi a minha relação com o banco. Mas isso ela não pode vender”, conta o sindicalista. Para Nascimento, as condições impostas pelos bancos “são abusivas, quase pornográficas”. Por isso, o novo sindicato contestará o contrato na Justiça.

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